Tefopress: Pedro Nekoi pelo bairro da Liberdade – PERCURSOS

Texto e fotos: Stefano Maccarini

Publicado originalmente em medium.com/percursos em Junho de 2016.

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Pedro Nekoi, Designer e artista digital, 24 anos, saiu de Recife com 17 para estudar design gráfico no IFPB, aos 21 veio para São Paulo tentar a vida. Ele escolheu me levar no bairro da Liberdade por causa da sua ligação com a cultura japonesa, que o acompanha desde a infância em Pernambuco.

Pedro pediu para me encontrar na catraca do metrô Liberdade, linha Azul, ao meio dia. Na Estação da Luz, pegou o trem na direção errada, o que me deu tempo para investigar a estação e perceber uma desengonçada “Ikebana”. 12:30 ele chega.

Na saída da estação peço para ele ir até o terceiro degrau da escada, olhar pra mim e virar de costas. Andamos pela feirinha até chegar na Galvão Bueno. Enquanto esperávamos o sinal abrir, percebo que Pedro tem Saturno nas mãos.

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Entramos pelos arcos da rua e Pedro começa a me contar sobre sua difícil vida de Otaku em Recife, seu fascínio com a cultura japonesa, através de animes e desenhos e a frustração de não poder fazer cosplay por impedimento da família.

A primeira parada foi no jardim oriental, que abriga um laguinho, bambus e umas carpas bem tristes onde em todos os domingos estende-se uma faixa escrita “DOMINGÃO ESPECIAL”. Os Bambus e o cheiro de comida nos fazem querer explorar o lugar.

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Passando pelo laguinho pelas pedras, encontramos uma barraca que servia Okonomiyaki, uma espécie de omelete de camarão e vegetais. Pedro me explica o modo de preparo. Prosseguimos pelo corredor até chegar à cozinha, neste momento percebemos que fomos longe demais, voltamos ao jardim para fazer uma foto no lago.

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Ao atravessar a rua e cruzar com um casal que vendia jaca, Pedro é atraído pelo cheiro de um mercadinho vendendo Takoyaki. O bolinho de polvo, ovo e shoyu ganha nossos corações e vira nossa primeira refeição. Seis bolinhos custaram 10 realidades.

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No caminho para o Museu da Imigração Japonesa, encontramos um livro de orações com uma gravura na capa, o fato de parecer um zine nos faz lembrar como nos conhecemos. Após uma foto comemorativa seguimos. Ao chegar percebemos a semelhança da arquitetura do prédio com a de uma repartição pública.

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Antes de entrar no prédio, paro para fumar um cigarro, um cartaz que lê IPHONE HOUSE chama a nossa atenção. Realizamos uma rasa reflexão sobre nossas origens imigrantes ao passar pelo 1º e 2º andar do museu, que por dentro também parece uma repartição pública. Chegamos na lojinha do Museu, no terceiro andar e Pedro, demonstrando familiaridade com o lugar, avança diretamente para caixa de discos. Começa a me contar sobre sua obsessão por capas de discos japoneses dos anos 80 e como aquela estética influencia o seu trabalho como designer. Ele compra oito discos por 2 reais cada um. Dentre todas as capas maravilhosas, uma foto de Akira Fuse segurando um buquê de rosas e uma cara de dor e confusão toca o meu coração. Ele me presenteia o disco sem saber que a primeira faixa do disco é a melhor versão do mundo de I Will Survive em japonês.

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Saindo do prédio, começa a falar sobre o bairro de Harajuku, em Tóquio, me confrontando com a minha única referência a essa palavra, sim, Gwen Stefani. Enquanto ele descrevia os diferentes subgêneros dentro de Harajuku passamos por um Café Crepe (Hachi Crepe & Café), segundo ele, uma modalidade de café muito popular no bairro japonês. Entramos por achar aquilo tudo uma conspiração cósmica para comer. Peço a ele para escolher a coisa mais harajuku do cardápio: um crepe em forma de casca de sorvete com sorvete, chantilly, chocolate e bolacha por 13 realidades.

Já de volta a praça da Liberdade, entramos na Livraria Sol, uma espécie de sebo/art supply japonês. Compro seis revistas de moda japonesas por 60 realidades. Ginza, Fudge e Men’s NoNo entre 2012 e 2015. Dividimos nosso amor pelo mercado editorial japonês até chegar à estação, 15h30min nos despedimos.

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ROTA E INFORMAÇÕES

  • Jardim Oriental — Rua Galvão Bueno, 72.
  • Museu Histórico da Imigração Japonesa — Rua São Joaquim, 381.
  • Hachi Crepe & Café — Rua Galvão Bueno, 586.
  • Livraria Sol — Praça da Liberdade, 153.
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